A proposta da Casa Branca de mandar um cheque de US$ 2.000 para as famílias, um “dividendo” pago com o dinheiro das tarifas, soa como uma solução mágica para o aperto financeiro. Quem não gostaria de um extra inesperado para cobrir as contas?
Mas, nos bastidores de Washington, os especialistas que fazem as contas estão olhando para essa ideia com a testa franzida. Eles sentem cheiro de fumaça, não de churrasco. O consenso entre os analistas de orçamento é que essa não é uma ajuda real, mas sim uma compensação parcial e instável por um problema que o próprio governo está criando: os preços mais altos.
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O Que Estão Tentando Devolver?
Funciona assim: quando o governo coloca tarifas em produtos importados, ele os torna mais caros. Quem paga essa diferença? Sim, você, na hora de comprar um eletrodoméstico, um tênis ou um brinquedo.
A proposta de devolver US$ 2.000 é, na essência, o governo dizendo: “Ok, sabemos que as tarifas estão te custando caro, então vamos te devolver uma parte do que arrecadamos.”
O grande problema, apontado com alarme pelos analistas fiscais, é que o custo escondido das tarifas para você provavelmente é maior que os US$ 2.000. É o que chamamos de “custo invisível”. Você recebe o cheque, mas o preço de tudo no supermercado e nas lojas já subiu mais do que isso.
🗣️ O Alerta do Especialista (Na Prática): “É como se eu te roubasse R$ 3.000 em aumentos de preços e depois te devolvesse R$ 2.000, chamando isso de presente. É um truque contábil para fazer a política tarifária parecer um bom negócio para as famílias, mas na verdade não resolve a perda real no poder de compra.”
O Dinheiro do Dividendo é Confiável?
Outro ponto que tira o sono dos planejadores é a fonte desse dinheiro. O que o governo arrecada com tarifas é o que há de mais inconstante no orçamento. Se a China decidir diminuir as exportações, ou se houver um novo acordo comercial, a receita tarifária despenca.
Pergunte-se: Você confiaria em um benefício que pode sumir da noite para o dia?
Montar um programa de US$ 2.000 para milhões de famílias baseado em uma fonte de renda que é uma verdadeira montanha-russa é, para os céticos, um ato de desespero político, não de solidez econômica. Eles temem que, depois que as pessoas se acostumarem com o dinheiro, o governo precise cortar o benefício e as famílias fiquem em uma situação ainda pior.
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A Escolha no Seu Prato
O debate, no fundo, é sobre o que é melhor para você.
- Opção Transparente: Reduzir ou eliminar as tarifas para que os produtos cheguem mais baratos à sua casa.
- Opção “Dividendo”: Manter as tarifas altas (e, consequentemente, os preços altos) e receber um cheque para tentar compensar a dor.
A maioria dos economistas honestos dirá que a Opção 1 é a verdadeira amiga do seu bolso. O cheque de US$ 2.000 pode ser um alívio de curto prazo, mas ele não resolve o problema estrutural de uma política comercial que encarece sua vida.

