Na manhã desta sexta-feira, o dólar comercial atingiu R$ 5,69, refletindo uma alta significativa impulsionada por dados fiscais negativos e perspectivas econômicas internacionais. A moeda americana subiu 16% este ano, apesar das ações do Banco Central (BC) para conter a valorização.
Déficit Acima da Expectativa
O Banco Central divulgou que o setor público registrou um déficit de R$ 23,1 bilhões em julho, bem acima das previsões do mercado. O banco Itaú, por exemplo, havia estimado um déficit de R$ 12,9 bilhões. Além disso, a dívida pública subiu para 78,5% do PIB, uma elevação de 0,7 ponto percentual.
Intervenção do Banco Central
Para tentar estabilizar a moeda, o BC realizou um leilão de US$ 1,5 bilhão no mercado à vista de câmbio. Este tipo de intervenção não ocorria desde abril de 2022, mas não foi suficiente para conter a alta do dólar. Segundo o comunicado do BC, o leilão foi concluído às 9h43, porém, não impediu a escalada da moeda americana.
Impactos das Expectativas Econômicas e Fatores Internacionais
A alta do dólar também é resultado de uma perspectiva de desaceleração mais branda da economia americana. Dados recentes mostraram que a inflação nos Estados Unidos subiu 0,2% em julho, em linha com as expectativas. O Federal Reserve considera esse dado ao definir a política monetária e as taxas de juros.
O mercado agora antecipa um possível corte na taxa de juros americana de 0,25 ponto percentual, levando a uma redução no diferencial de juros entre Brasil e EUA. Isso torna os rendimentos brasileiros menos atraentes para os investidores estrangeiros, pressionando ainda mais o dólar.
Outros Fatores
- Mudanças no MSCI: O índice MSCI, que inclui ações de empresas brasileiras negociadas no exterior, está passando por uma reestruturação. Empresas como Nu Holdings, StoneCo, PagSeguro, XP e Banco Inter serão incluídas no índice, o que também influencia o valor do dólar.
- Volatilidade de Fim de Mês: A liquidação de contratos futuros no final do mês, com base na cotação PTAX calculada pelo BC, tende a aumentar a volatilidade do câmbio, pressionando o valor do dólar.
Perspectivas Futuras
Com a expectativa de um corte mais modesto na taxa de juros americana, o diferencial de juros entre Brasil e EUA deve diminuir. Isso pode reduzir a atratividade dos investimentos no Brasil e continuar pressionando o valor do dólar.