Intervenções no mercado cambial não foram suficientes para conter a valorização do dólar, que fechou em alta a R$ 5,63 devido a fatores como déficit fiscal, expectativa de alta na Selic e cenário global volátil.
Apesar das duas intervenções do Banco Central (BC) no mercado de câmbio, o dólar não cedeu e fechou em alta, encerrando o dia a R$ 5,63. Diversos fatores explicam por que a moeda americana não caiu mesmo com as tentativas do BC de controlar sua valorização:
1. Resistência do Mercado
As intervenções do BC, embora significativas, não foram suficientes para conter a pressão de compra sobre o dólar. O BC realizou um leilão à vista de US$ 1,5 bilhão e um swap cambial (futuro) de igual valor, totalizando US$ 3 bilhões. Contudo, essas medidas frearam apenas parcialmente a alta, que poderia ter sido maior, segundo analistas.
2. Números Ruins das Contas Públicas
O mercado reagiu negativamente aos dados das contas públicas divulgados no mesmo dia, que mostraram um déficit maior do que o esperado. Esses resultados aumentaram a incerteza em relação à economia brasileira, elevando a demanda por ativos considerados mais seguros, como o dólar.
3. Expectativa de Alta na Selic
A perspectiva de uma possível alta na taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) também contribuiu para a alta do dólar. O mercado começou a precificar um possível aumento de 0,25 ponto na Selic, o que poderia ter levado a um fluxo maior de capital para o exterior, impulsionando o dólar.
4. Perspectivas Fiscais Desafiadoras
A proposta orçamentária de 2025, que inclui previsões de aumento de arrecadação e de cortes de despesas, foi vista com ceticismo pelo mercado. Há dúvidas sobre a capacidade do governo de cumprir essas metas, o que elevou a percepção de risco fiscal e, consequentemente, a pressão sobre o dólar.
5. Ambiente Externo Volátil
A valorização do dólar no mercado internacional e a aversão ao risco por parte dos investidores globais também contribuíram para a alta da moeda no Brasil. Mesmo com intervenções internas, o cenário global adverso continuou pressionando a cotação do dólar.
Em resumo, as intervenções do BC evitaram uma alta ainda maior do dólar, mas não conseguiram reverter a tendência de valorização devido a um conjunto de fatores internos e externos, incluindo a percepção de risco fiscal, a expectativa de aumento da Selic e a volatilidade global.