Bancos Votorantim e Daycoval aderem à proposta da varejista, que quer vender AME Digital e operação on-line
A Americanas recebeu o apoio de mais dois credores ao seu plano de recuperação judicial, os bancos Votorantim e Daycoval. Com isso, a proposta passou a contar com o apoio de credores quirografários titulares de mais de 38,5% da dívida da companhia (excluindo os créditos intercompany).
Até então, os quatro maiores credores da companhia já haviam aceitado os termos: Bradesco (R$ 4,13 bilhões), Santander (R$ 3,57 bilhões), BTG Pactual (R$ 3,52 bilhões) e Itaú (R$ 2,74 bilhões). O Safra, que tem o quinto maior saldo a receber (R$ 2,53 bilhões), ficou de fora e tenta impedir na Justiça a votação do plano — a Assembleia Geral de Credores (AGC) está marcada para a próxima terça-feira (19).
O Votorantim tem R$ 305,6 milhões em créditos e o Daycoval, cerca de R$ 500 milhões. A empresa informou ainda, em comunicado ao mercado, que os titulares de 85,42% das debêntures da 17ª emissão também aprovaram a adesão à proposta.
A adesão dos dois bancos é um importante passo para a Americanas, que busca aprovar seu plano de recuperação judicial e sair da crise financeira. A companhia entrou com pedido de recuperação judicial em junho de 2022, após ser alvo de uma investigação por fraude contábil que resultou em um prejuízo de R$ 25,2 bilhões.
Plano prevê venda de AME Digital e operação on-line
No plano de recuperação judicial, a Americanas propôs não só vender o Hortifruti Natural da Terra (HNT) e a Uni.co, empresa de franquias que detém marcas como Imaginarium e Puket, mas também “conduzir transações” que envolvam a AME Digital e toda a sua operação de varejo on-line, incluindo o marketplace (3P) e até sua operação de revenda digital (1P on-line).
A AME Digital é uma IP (Instituição de Pagamento) autorizada pelo Banco Central e responsável pelos serviços de wallet (carteira digital) da varejista, além de um meio de pagamento e um programa de fidelidade que concede cashback (dinheiro de volta ao consumidor).
Já a operação on-line engloba toda a operação de varejo digital da empresa, inclusive a plataforma de venda comissionada de produtos e serviços de terceiros (marketplace ou 3P) e “os ativos necessários para a prestação deste serviço”.
A Americanas diz ainda, no documento apresentado aos credores, que uma possível transação envolvendo a operação on-line pode incluir “a operação de revenda digital (1P) e o acesso a rede de lojas físicas, com integração para viabilizar a operação de O2O (on-line to off-line) e/ou marcas vinculadas ao varejo digital”.
Parte do dinheiro no caixa
A proposta da Americanas é que as quatro áreas (HNT, Uni.co, operação on-line e AME) sejam transformadas em UPIs (Unidades Produtivas Isoladas), ou “agrupamento de ativos (…) que podem ser alienados durante o processo de Recuperação Judicial”. E que parte do dinheiro arrecadado com os negócios possa entrar no seu caixa, até o limite de R$ 1 bilhão.
Segundo a varejista, a operação on-line e a AME podem trazer “flexibilidade para a companhia conduzir transações que agreguem valor à sua estratégia”. Sobre o Natural da Terra e a Uni.co, a empresa afirma que terá a “obrigação de promover processos organizados de alienação”.
Ambos os ativos já estavam à venda. A companhia chegou a engatar negociações exclusivas para alienar o HNT, mas desistiu no começo de novembro. Um mês antes, a varejista feito o mesmo com a Uni.co, por considerar que as ofertas recebidas “não refletiam o real valor do ativo”.
Segundo a proposta, o que for arrecadado até R$ 1 bilhão irá diretamente para o pagamento antecipado das debêntures. Já o que exceder R$ 1 bilhão e chegar até 2 bilhões ficaria para a companhia.